No ano passado prestei concurso para o Mestrado em Relações Etnicorraciais no CEFET, infelizmente não passei (achei tremenda injustiça, é claro, rs) mas queria dividir com voces o anteprojeto que fiz, dividirei em partes para que a leitura não fique longa e chata demais, e para provocá-los em querer ler mais ou não, para isso voces terão que me dizer se querem que eu publique a continuação ou não. Ok?
NOSSA
GRANDE DIFERENÇA
Ser Mestiço
é Legal
Sempre
fui movida a exemplos, gosto de justificar meus argumentos fundamentados em
exemplos, e colho com essa atitude, às vezes, o resumo. Minha facilidade em
resumir os fatos através da exemplificação me causa, em muitos momentos,
dificuldade em redação, um sério problema para uma jornalista, mas isso em alguns
meios de comunicação, porque em outros possuir essa facilidade é um atrativo
profissional, e o tema que escolhi para essa dissertação vai me custar
desenvolver e muito a minha capacidade de redação. Porém, o caminho escolhido
para falar da beleza e bons frutos da MISCIGENAÇÃO
vai me proporcionar o uso indiscriminado dos exemplos, falar de homens e
mulheres de ascendência mista que fomentaram, com louvor, as artes cênicas e
plásticas, a música, a ciência, as leis e todo o tipo de profissão necessária
para o desenvolvimento de uma nação, me causam um prazer tamanho que com
certeza ultrapassará minha dificuldade de discursar.
Descobrir novos ídolos será um incentivo. Digo descobrir porque com esse
estudo/pesquisa certamente tomarei ciência de pessoas ilustres que até então
desconheço totalmente. Como cidadã negra (se bem que prefiro a autodenominação
cidadã brasileira, logo, mestiça) faço parte da parcela da população que
desconhece sua história e seus personagens que deram e dão vida a nossa
sociedade, sou fruto de uma didática escolar hegemonicamente embranquecida.
Somente na faculdade (Comunicação Social, na FACHA) é que despertei para a
curiosidade e necessidade de informação sobre minhas raízes, através da minha
monografia “O Poder da Mulher Dentro da Sociedade do Candomblé”. Desenvolvi um
interesse em saber mais como tudo se deu, quando, como e em que condições os
africanos aqui chegaram. Ressalto que
mesmo o título da minha monografia sugerindo algo totalmente relacionado à
religião, o conteúdo se restringiu apenas em relatar como foi constituída a
formação dessa sociedade matriarcal brasileira, já que o candomblé é uma
religião genuinamente brasileira. A minha primeira aula de antropologia na
faculdade de comunicação das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA) foi um
divisor de águas em minha vida. Até então, nunca tinha me preocupado com minha
raça, etnia, cor de pele, ou a denominação correta que seja. Parecia que a
professora Valderez Laroche, tinha me dado um soco no estômago ou um tapa na
cara, não da forma agressiva que se possa presumir pelas minhas palavras, mas
um “Acorda menina, se liga!”. Disse ela: “- Quem aqui se autodenomina negro?”
Apenas eu e mais 03 colegas (os únicos negros em uma turma de mais de 40
alunos) levantamos a mão. No que ela continuou: “- Quem aqui se autodenomina
branco?” Obviamente que os outros 36 alunos levantaram suas mãos. E ela, deu um sorriso maroto, voltou-se para
o quadro e enquanto o apagava disse: “- Enquanto o povo brasileiro acreditar
que esse país é constituído de negros e brancos, ele nunca será uma nação de
verdade.” Virou-se pra nós e concluiu: “- Não vejo neste recinto, negros e
brancos, vejo brasileiros, logo, vejo MESTIÇOS, sinto muito senhores se por acaso
os desaponto, mas somos todos nós MESTIÇOS, essa é a etnia brasileira.”
A
partir daquele momento, me olhei no espelho com outros olhos, e pela primeira
vez me vi realmente. Obrigada Professora Valderez e Akena Vu!¹
Ainda
falando do tempo da escola, lembro de uma aula de Física em que a Lei Coulomb
de 1783, diz: “O módulo da força entre duas cargas elétricas é diretamente
proporcional ao produto dos valores absolutos das duas cargas, e inversamente
proporcional ao quadrado da distância entre eles. Esta força pode ser atrativa
ou repulsiva dependendo do sinal das cargas. É atrativa se as cargas tiverem
sinais opostos e repulsiva se tiverem o mesmo sinal.” Ou seja, o popularmente
conhecido “Os Opostos Se Atraem”. Mesmo sendo uma lei da Física para o
desenvolvimento do estudo da Eletricidade, acho que essa lei pode também ser
aplicada na área de “humanas” quando relacionada ao povo brasileiro.
¹ Língua Celta de
Finistère – Região Bretanha da França que significa em tradução literal “Até daqui a cem anos!” ou na tradução
moral “Não importa a distância do
espaço, não importa a distância do tempo, aquela relação positiva que nós
tivemos, que nós criamos, ela se manterá para sempre!
Muito bom seu texto.
ResponderExcluirObrigada amiga, se puder leia a continuação, e sempre que possível me dê um retorno. Beijundas.
ExcluirOi Conceição, tudo bem? Vim parar nesta postagem procurando por Valderez Laroche. Estou fazendo uma pesquisa sobre o pai dela, Armand Laroche, mas não consegui o contato de Valderez de jeito nenhum, nem com os outros filhos dele que consegui localizar.
ResponderExcluirVocê por acaso teria como me ajudar a entrar em contato com ela?
Abraços!
Olá Igor, infelizmente não tenho como ajudá-lo, Valderez Laroche foi minha professora na FACHA, já há algum tempo soube que ela foi demitida, então... De qualquer forma, tentarei saber com antigos colegas de faculdade se alguém sabe, ok?
ExcluirAbraços e Obrigada pela visita!