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sábado, 27 de dezembro de 2014

Ser Mestiço é Legal

No ano passado prestei concurso para o Mestrado em Relações Etnicorraciais no CEFET, infelizmente não passei (achei tremenda injustiça, é claro, rs) mas queria dividir com voces o anteprojeto que fiz, dividirei em partes para que a leitura não fique longa e chata demais, e para provocá-los em querer ler mais ou não, para isso voces terão que me dizer se querem que eu publique a continuação ou não. Ok?


NOSSA GRANDE DIFERENÇA
Ser Mestiço é Legal


         Sempre fui movida a exemplos, gosto de justificar meus argumentos fundamentados em exemplos, e colho com essa atitude, às vezes, o resumo. Minha facilidade em resumir os fatos através da exemplificação me causa, em muitos momentos, dificuldade em redação, um sério problema para uma jornalista, mas isso em alguns meios de comunicação, porque em outros possuir essa facilidade é um atrativo profissional, e o tema que escolhi para essa dissertação vai me custar desenvolver e muito a minha capacidade de redação. Porém, o caminho escolhido para falar da beleza e bons frutos da MISCIGENAÇÃO vai me proporcionar o uso indiscriminado dos exemplos, falar de homens e mulheres de ascendência mista que fomentaram, com louvor, as artes cênicas e plásticas, a música, a ciência, as leis e todo o tipo de profissão necessária para o desenvolvimento de uma nação, me causam um prazer tamanho que com certeza ultrapassará minha dificuldade de discursar.

         Descobrir novos ídolos será um incentivo. Digo descobrir porque com esse estudo/pesquisa certamente tomarei ciência de pessoas ilustres que até então desconheço totalmente. Como cidadã negra (se bem que prefiro a autodenominação cidadã brasileira, logo, mestiça) faço parte da parcela da população que desconhece sua história e seus personagens que deram e dão vida a nossa sociedade, sou fruto de uma didática escolar hegemonicamente embranquecida. Somente na faculdade (Comunicação Social, na FACHA) é que despertei para a curiosidade e necessidade de informação sobre minhas raízes, através da minha monografia “O Poder da Mulher Dentro da Sociedade do Candomblé”. Desenvolvi um interesse em saber mais como tudo se deu, quando, como e em que condições os africanos aqui chegaram.  Ressalto que mesmo o título da minha monografia sugerindo algo totalmente relacionado à religião, o conteúdo se restringiu apenas em relatar como foi constituída a formação dessa sociedade matriarcal brasileira, já que o candomblé é uma religião genuinamente brasileira. A minha primeira aula de antropologia na faculdade de comunicação das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA) foi um divisor de águas em minha vida. Até então, nunca tinha me preocupado com minha raça, etnia, cor de pele, ou a denominação correta que seja. Parecia que a professora Valderez Laroche, tinha me dado um soco no estômago ou um tapa na cara, não da forma agressiva que se possa presumir pelas minhas palavras, mas um “Acorda menina, se liga!”. Disse ela: “- Quem aqui se autodenomina negro?” Apenas eu e mais 03 colegas (os únicos negros em uma turma de mais de 40 alunos) levantamos a mão. No que ela continuou: “- Quem aqui se autodenomina branco?” Obviamente que os outros 36 alunos levantaram suas mãos.  E ela, deu um sorriso maroto, voltou-se para o quadro e enquanto o apagava disse: “- Enquanto o povo brasileiro acreditar que esse país é constituído de negros e brancos, ele nunca será uma nação de verdade.” Virou-se pra nós e concluiu: “- Não vejo neste recinto, negros e brancos, vejo brasileiros, logo, vejo MESTIÇOS, sinto muito senhores se por acaso os desaponto, mas somos todos nós MESTIÇOS, essa é a etnia brasileira.”
         A partir daquele momento, me olhei no espelho com outros olhos, e pela primeira vez me vi realmente. Obrigada Professora Valderez e Akena Vu!¹

         Ainda falando do tempo da escola, lembro de uma aula de Física em que a Lei Coulomb de 1783, diz: “O módulo da força entre duas cargas elétricas é diretamente proporcional ao produto dos valores absolutos das duas cargas, e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles. Esta força pode ser atrativa ou repulsiva dependendo do sinal das cargas. É atrativa se as cargas tiverem sinais opostos e repulsiva se tiverem o mesmo sinal.” Ou seja, o popularmente conhecido “Os Opostos Se Atraem”. Mesmo sendo uma lei da Física para o desenvolvimento do estudo da Eletricidade, acho que essa lei pode também ser aplicada na área de “humanas” quando relacionada ao povo brasileiro.




¹ Língua Celta de Finistère – Região Bretanha da França que significa em tradução literal “Até daqui a cem anos!” ou na tradução moral “Não importa a distância do espaço, não importa a distância do tempo, aquela relação positiva que nós tivemos, que nós criamos, ela se manterá para sempre!

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigada amiga, se puder leia a continuação, e sempre que possível me dê um retorno. Beijundas.

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  2. Oi Conceição, tudo bem? Vim parar nesta postagem procurando por Valderez Laroche. Estou fazendo uma pesquisa sobre o pai dela, Armand Laroche, mas não consegui o contato de Valderez de jeito nenhum, nem com os outros filhos dele que consegui localizar.

    Você por acaso teria como me ajudar a entrar em contato com ela?

    Abraços!

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    1. Olá Igor, infelizmente não tenho como ajudá-lo, Valderez Laroche foi minha professora na FACHA, já há algum tempo soube que ela foi demitida, então... De qualquer forma, tentarei saber com antigos colegas de faculdade se alguém sabe, ok?

      Abraços e Obrigada pela visita!

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E aí!? O que vc tem a dizer sobre isso?