“... ao revisitar o sofrido continente africano,
nossa proposta principal é mostrar que é possível sim ter esperança de que um
povo massacrado, cansado e desiludido, seja capaz de renascer, aos poucos, com
sonhos vigorosos, planos precisos e metas concretas; projetando uma nova
África, ou uma nova perspectiva para a África, calcada no progresso propiciado
pelo "ouro negro" e nos ideais de unidade, paz e justiça, reafirmados
tal qual um mantra. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade, porque neste
carnaval, os caminhos da África nos conduzem à Guiné Equatorial.”
O trecho acima faz parte da introdução do enredo de
2015 da G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis, enredo esse que recebeu a pomposa
denominação "UM
GRIÔ CONTA A HISTÓRIA: UM OLHAR SOBRE A ÁFRICA E O
DESPONTAR DA GUINÉ EQUATORIAL. CAMINHEMOS
SOBRE A TRILHA DE NOSSA FELICIDADE". A última frase faz
menção ao hino nacional da Guiné, por isso, o E aí?! Foi atrás de informações
que pudessem ajudar os leitores a saberem mais sobre esse país do Continente
Africano, e descobrir suas semelhanças e diferenças com o nosso país.
Brasil/Beija-Flor x/= Guiné Equatorial/África.
Bioko |
A Guiné Equatorial, oficialmente República da Guiné Equatorial, é um país da África Ocidental, dividido em vários territórios descontínuos no Golfo da Guiné. Colonizados por Portugueses e Espanhóis, em 12 de Outubro de 1968 tornaram-se num país independente da Espanha.Está dividida administrativamente em sete províncias,
entre parênteses suas respectivas capitais: Ano Bom (San Antonio de Palé),
Bioko
Norte (Malabo), Bioko Sur (Luba), Centro Sur (Evinayong), Kie Ntem (Ebebiyin), Litoral (Bata), Wele Nzas (Mongomo). É o
único país da África de língua oficial castelhana.
Os idiomas mais falados são o fang e o Pidgin Inglês,
que não são línguas oficiais. Apesar de a Guiné Equatorial ter decretado a língua
francesa como língua oficial, ela não é falada no território. No entanto,
na ilha de Ano Bom ainda se usa o chamado Fá
d'Ambô, ou seja, o Falar de Ano Bom, uma língua
crioula de base portuguesa.
Malabo |
O país segue o regime de República
Semipresidencialista onde o presidente, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, divide
a responsabilidade do governo com o Primeiro-Ministro, Vicente Ehate Tomi. O
presidente decretou que o português seria
uma das línguas oficiais, ao lado
do espanhol e
do francês,
para isso o país precisava do apoio dos oito países membros da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste,
para difundir o ensino da língua portuguesa no país, e na formação profissional
e acolhimento dos seus estudantes pelos países da comunidade lusófona. Em Julho
de 2012, a
CPLP recusou o pedido da Guiné Equatorial em ser aceita como membro de pleno
direito desta comunidade; as razões foram as denúncias de constantes violações
dos direitos humanos no país. Porém,
finalmente em 23 de julho de 2014, na X Cimeira da CPLP em Díli 1, capital de Timor-Leste, através de um consenso, o
país foi aceito como membro de pleno direito, no entanto, terá que abolir a
pena de morte.
Bata |
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país medido em 2013 é de 0,556 ocupa o 144º lugar no ranking. A Guiné Equatorial tem uma população jovem (41,5% não supera os 15 anos) com uma taxa de natalidade por volta de 34,88 por mil e uma taxa de mortalidade de 8,81 por mil. A esperança de vida é de 61,75 anos para os homens e 63,78 para as mulheres. Cerca de 4,1% da população tem mais de 65 anos. A taxa de alfabetização entre os adultos estava em 1992 em 52%, mas chegou a 87% em 2011. A maioria da população ainda vive em zonas rurais. Em comparação com o Brasil que, O IDH subiu uma posição e superou a média da América Latina e Caribe. Com isso, o país ocupa o 79º lugar no ranking mundial com 187 países. O índice brasileiro é 0, 744 (O IDH mais alto é o da Noruega com 0, 944). A expectativa de vida dos brasileiros é de 73,9 anos; a média de escolaridade entre os adultos é de 7,2 anos; a expectativa de tempo de estudo é 15,2 anos; e a renda nacional per capita anual é de US$ 14.275 (cerca de R$ 37.390 com o câmbio atual). A principal riqueza da Guiné Equatorial é a agricultura e a pesca, com produtos como o algodão, café, cana de açúcar etc. Também depende do gado, da exportação de madeira e de minerais. Desde o fim do século XX, com a exportação de petróleo, a renda per capita tem aumentado espetacularmente (o atual presidente, Teodoro Obiang foi apontado pela revista Forbes como o oitavo governante mais rico do mundo), mas, mesmo com esse aumento da renda per capita o povo reclama e pede água potável, saúde pública, habitação humana e acessível, e grita o manifesto Cant not to 2015 na Guiné uma referência à Copa Africana de Nações que será realizada entre os dias 17 de janeiro e 08 de fevereiro de 2015 na Guiné Equatorial. Bem Brasil não é mesmo?!
1 - Declaração
de Díli leia mais em http://timor-leste.gov.tl/?p=10386&n=1
Rogério Madruga |
E
falando em Brasil, a redação do E aí?! Entrevistou Rogério Madruga, artista
plástico integrante da comissão de carnaval da Beija-Flor de Nilópolis para sabermos mais detalhes sobre o enredo.
E aí?! - O enredo de 2015 da
Beija, “Um griô conta a história: Um olhar sobre a África e o despontar da
Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade”, têm como fio
condutor dessa história o que precisamente? A independência colonial, as
riquezas minerais e naturais do país, ou, costumes e idiossincrasias que se
co-relacionam com o Brasil, por exemplo.
RM - A Escola conta o
renascimento e a auto valorização de um povo que se reconstrói. Um país
colonizado e explorado por tantas nações no passado, que foi Porto exportador
de carne escrava, passou por vários momentos difíceis, mas tem um povo que não
se entrega, que é forte no sangue, na raça e na cor, guerreiro por natureza, de
cores fortes, bravio. Um povo que canta,
dança, comemora, vibra, vive. Povo esse
que é base de formação de nossa cultura e por isso deve ser exaltado sempre.
.
E aí?! - Como nasceu e se firmou
essa parceria (enredo) Beija-Flor x Guiné Equatorial? Existe paridade cultural
nessa parceria?
RM - A Escola foi convidada a
participar de um desfile na Guiné em Setembro passado pelo embaixador da Guiné
no Brasil, um apaixonado pelo carnaval carioca e pela Beija Flor. Dessa visita
às terras da Guiné surgiu o convite para contarmos a história do país, que tem
grandes laços com o Brasil.
E aí?! - Como serão inseridos no
contexto do enredo a Ceiba, a Taiba e o Balelé (árvore da vida, técnica
específica para fazer esculturas e dança típica da Guiné)? Alas, adereços,
composições ou setores?
RM - Dizer exatamente onde, é "destampar
a panela antes da hora", mas estarão inseridos em todos os seguimentos da
escola, do primeiro ao último setor.
Máscara Mortuária |
E aí?! - Em que setor(es) sua
arte será(ão) apresentada(s)?
RM - Meu trabalho em particular
estará em todo o quarto setor, onde estão além das alas "normais", a
Bateria, as passistas e a alegoria 4. No primeiro setor, a ala de Abertura da
escola também é minha criação.
E aí?! - O que você ressaltaria
como “Não Perca!” para os leitores do blog ‘E aí?!’ no desfile da Beija-Flor
deste ano?
RM - O desfile todo da escola é imperdível. É uma força, a raça de uma comunidade que
abraça de corpo e alma sua agremiação. Mas vale pregar os olhos na apresentação
de Selminha e Claudinho (Porta-Bandeira e Mestre-Sala) no quarto setor que é
minha criação, claro. Rsrs.
Pode acreditar, Rogério Madruga, que ficaremos de olho nestes destaques e comentaremos depois, é claro.
"UM GRIÔ CONTA A HISTÓRIA: UM OLHAR SOBRE A
ÁFRICA E O DESPONTAR DA GUINÉ EQUATORIAL.
CAMINHEMOS SOBRE A TRILHA DE NOSSA FELICIDADE"
ÁFRICA E O DESPONTAR DA GUINÉ EQUATORIAL.
CAMINHEMOS SOBRE A TRILHA DE NOSSA FELICIDADE"
Autores: J.Velloso, Samir Trindade, Jr Beija-Flor, Marquinhos Beija-Flor, Gilberto Oliveira, Elson Ramires, Dílson Marimba e Silvio Romai
Participação Especial: Ribeirinho e Junior Trindade
Intérprete: Neguinho da Beija-Flor
Vem na batida do tambor
Voltar na memória de um griô
Fala cansada, mãos calejadas
Ouça menino Beija-Flor
Ceiba, árvore da vida
Raízes na verde imensidão
Na crença de tribos antigas
Força incorporada nesse chão
O invasor singrou o mar, partiu em busca de riquezas
E encontrou nesse lugar
Novas Índias, outras realezas
Destino trocado, tratado se faz
Marejam os olhos dos ancestrais
Nego canta, nego clama liberdade
Sinfonia das marés, saudade
Um africano rei que não perdeu a fé
Era meu irmão, filho da Guiné
Formosa, divina ilha testemunha dos grilhões
Eu vi a escravidão erguer nações
Mas a negritude se congraça
A chama da igualdade não se apaga
Olha a morena na roda e vem sambar
Na ginga do balelé, cores no ar
Dessa mistura vem o meu axé, canta Brasil, dança Guiné
Criança, levanta a cabeça e vai embora
O mar que trouxe a dor riqueza aflora
Tem uma família agora
Quem beija essa flor não chora
Sou negro na raça, no sangue e na cor
Um guerreiro Beija-Flor
Oh, minha deusa soberana
Resgata sua alma africana
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