O objetivo deste estudo e pesquisa é reunir
informações e dados, antes já realizados, por professores, antropólogos,
sociólogos e estudiosos do tema, e as que serão inseridas por mim,
principalmente no período pós-abolição - segundo o Labhoi (Laboratório de História Oral
e Imagem) da Universidade Federal Fluminense (UFF) existem várias lacunas a
serem preenchidas em relação a pesquisas sobre o cotidiano dos negros neste
período -, em uma compilação de fácil leitura e ilustrações dos grandes negros,
brancos e amarelos que juntos, denominados Mestiços, contribuíram e ainda
contribuem para o desenvolvimento do Brasil, a serem distribuídos em instituições
de ensino e cultura para jovens do ensino fundamental e médio. “... São objetivos
específicos do Plano Nacional... Promover o desenvolvimento de pesquisas e
produção de materiais didáticos e paradidáticos que valorizem, nacional e
regionalmente, a cultura afro-brasileira e a diversidade.” Trecho
do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para
Educação das Relações Étnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira
e Africana (pág.24).
Pretendo que este estudo/pesquisa não
passeie apenas no caráter relativo e dissertativo da história, espero que
através de debates e conversas de campo (bem no estilo griot ²) com jovens de instituições acadêmicas e culturais,
e, comunidades quilombolas e indígenas possa mapear o que, quem, como e em que
elas se identificam e/ou necessitam saber da história do Brasil, para
desenvolverem de fato sua cidadania, se sentirem de fato inseridos na
sociedade, com abordagem principal na Região Sudeste do país. Expor e homenagear esses brasileiros que
atuaram ou ainda atuam em diversas áreas, como na música, dança, pintura,
literatura, nos três poderes, no teatro, cinema e TV, na medicina, no esporte,
com grande maestria e saber. Proporcionar através desta compilação impressa e
áudio book, material básico de estudo e pesquisa para montagens de peças
teatrais, musicais, shows etc., todo produzido e encenado por jovens nestes
espaços acadêmicos e culturais. Ainda, servir de base para debates e palestras
em espaços como a FLIST (Festa Literária de Santa Teresa) e FLUPP (Festa
Literária das UPP’s).
Acredito
que a informação clara e precisa seja um importante instrumento de
desmistificação de momentos da história do Brasil, até bem pouco tempo
divulgada e difundida nas escolas em material didático. Como exemplo, a
Abolição da Escravatura, através da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel
até então vista como heroína do povo escravizado, e que foi tão bem relatada
por Mary Del Priore em “O Castelo de Papel”, lançado recentemente pela Editora
Rocco, onde percebemos a queda da heroína e o surgimento de uma mulher comum
mais preocupada com a vida doméstica. “... É importante que se diga que (a
Abolição) foi um processo, que começou por volta de 1870. Foi uma longa luta,
que envolveu escravos, descendentes de escravos, a mudança da mentalidade em
todo o país. Nada disso se faz da noite pro dia, é um acúmulo de tendências que
levou à assinatura de papel... Ela teve inúmeras oportunidades de se
manifestar. Em Recife, foi recebida por um monte de abolicionistas, inclusive mulheres;
era um movimento que poderia ter esposado ou, ao menos, demonstrado simpatia...
Fica bem demonstrado, por meio de vários documentos e frases dela, que
detestava a vida política. Havia uma incompatibilidade com o projeto que lhe
atribuíam. Não achei frase dela que demonstrasse qualquer interesse pelo
assunto. Estava mais preocupada com a vida familiar, as gravidezes.” Matéria “Isabel: Uma princesa avessa à política” de
Roberta Jansen, sobre o livro “O Castelo de Papel” de Mary Del Priore, do
Jornal O Globo, 12/05/2013, pág.05, Caderno Especial.
Desmistificando, conhecendo a história de pensadores, autores,
políticos, formadores de opinião, artistas e a sociedade no todo que ajudaram e
ainda ajudam a construir esta nação, em um futuro próximo talvez possamos ouvir
os versos da canção “Navio Negreiro/Escravos” de Toni Vargas, tão bem executada
pelo grupo vocal Cia DáNoCoro – Música e Cena – “...Escravo negro, escravo branco, somos
todos violentados pelos mesmos senhores, que nos humilham indiferentes a raça
ou credo, e nos colocam uns contra os outros para que nos destruamos...” e esses sejam apenas versos de uma história
literalmente deixada no passado e não retratos da vida real do nosso presente.
² Griot – Personagem importante na estrutura social da maioria dos países da África Ocidental, cuja função primordial é informar, educar e entreter. Um guardião da tradição oral do seu povo.
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