Bornay Faz A Tijuca Quebrar O Silêncio Da Suíça

     A primeira curiosidade que o E aí?! encontrou em sua pesquisa sobre a Suíça foi o “silêncio”. Os suíços têm uma preocupação muito grande com a poluição sonora, sendo considerados em comparação a outros países desenvolvidos como o país mais silencioso da Europa, e de repente... cai de pára-quedas no carnaval da Unidos da Tijuca no enredo Um Conto Marcado no Tempo – “O Olhar Suíço de Clóvis Bornay”. 

     Clóvis Bornay, caçula de 12 irmãos, filho de mãe espanhola e pai suíço, museólogo e carnavalesco. Na década de 20 descobriu o que viria se tornar sua grande paixão, o carnaval. Em 1935, conseguiu convencer o diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro a instituir bailes de carnaval de gala com concurso de fantasias, inspirado no modelo dos bailes de Veneza. Tornou-se um mestre em fantasias de carnaval, de tantos concursos que ganhou acabou sendo declarado ‘hors concours’ (concorrente de honra, não sujeito à premiação), seus maiores rivais eram Evandro de Castro Lima e Mauro Rosas.

     Foi carnavalesco do Salgueiro (1966); Unidos de Lucas (1967/68); Portela (1969/70); Mocidade (1972); e em 1973 foi carnavalesco da Unidos da Tijuca. Introduziu inovações como a figura do destaque, que é uma pessoa luxuosamente fantasiada no alto de um carro alegórico. Após isso, todas as demais escolas de samba copiaram e tornaram o quesito obrigatório.

 

Clóvis Bornay

   Às 15 horas do dia 9 de outubro de 2005, aos 89 anos de idade, Clóvis deu entrada no Hospital Souza Aguiar desidratado e com infecção intestinal. Apesar de medicado, acabou falecendo de uma parada cardiorrespiratória.

   A Suíça é uma república federal composta por 26 estados, chamados de cantões, com Berna como a sede das autoridades federais. O país está situado na Europa Central, onde faz fronteira com a Alemanha ao Norte, com a França a Oeste, com a Itália ao Sul e com a Áustria e Liechtenstein a Leste. É um país sem costa marítima cujo território é dividido geograficamente entre o Jura, o Planalto Suíço e os Alpes, somando uma área de 41 285 km². A população se concentra principalmente no planalto, onde estão localizadas as maiores cidades do país. Entre elas estão as duas cidades globais e centros econômicos de Zurique e Genebra. 

     É um dos países mais ricos do mundo relativamente ao PIB per capita calculado em 75.835 dólares (aproximadamente R$ 198.635,00). Por sua neutralidade, é o país sede de muitas organizações internacionais, como o Fórum Econômico Mundial, a Cruz Vermelha, a Organização Mundial do Comércio e do segundo maior Escritório das Nações Unidas. Os suíços não formam uma nação no sentido de uma identidade comum étnica ou lingüística, a formação é pautada no forte sentimento de pertencer ao país, fundamentado sobre o histórico comum de valores compartilhados (federalismo, democracia direta e neutralidade) e pelo simbolismo Alpino. 

     Importante centro financeiro internacional, a Suíça é também a primeira praça financeira para a gestão de fortunas e continua a ser um porto seguro para os investidores, em razão do grau de sigilo bancário vigente no país e da histórica estabilidade da moeda local. Menos de 10% da população ativa trabalha no setor primário, embora seja fortemente apoiado pelo governo federal. Já 40% têm profissão na área secundária da indústria na qual se incluem produções de máquinas e metalúrgica, o têxtil e a relojoaria. A ciência e a tecnologia são fontes importantes para o desenvolvimento econômico suíço, a estrutura política e educacional permite que a Ciência na Suíça esteja entre as mais avançadas do Mundo, berço de gênios mundialmente reconhecidos como: Michael Mayor (astrônomo); Leonhard Euler (matemático) e o naturalizado Albert Einstein (físico).

     A culinária típica é baseada em queijo, chocolate e pão. Quase toda a população come salada e vegetais regularmente, tudo para uma alimentação saudável. Carne, tirando a lingüiça, não é muito consumida devido aos altos preços. Fondue, Raclette (batata e queijo) Bratwurst (lingüiça de frango com pão) são os principais alimentos típicos.

     Com as memórias de Bornay, a Tijuca vem mostrar e encantar a todos as delícias e curiosidades da Suíça através de um conto, como diz o enredo, que se unam os laços Suíça-Tijuca-Brasil. O integrante do Departamento de Carnaval da Unidos da Tijuca, Carlos Carvalho, deu uma entrevista ao E aí?! 

Carlos Carvalho

E aí?! - Um Conto Marcado no Tempo – “O Olhar Suíço de Clóvis Bornay”.  A sinopse do enredo nos induz a viver os momentos mágicos e importantes de um menino, que agora homem, passa a sua história como num filme, como se este homem estivesse no fim da vida, e, passando esta vida a limpo, e resolveu passar estes últimos momentos onde foi mais livre e feliz, no meio de um desfile de escola de samba. É esse o filme que a Tijuca quer mostrar na Sapucaí? Se não, o que a Tijuca quer apresentar?

CC - Não diria fim de vida, na verdade sua memória o leva para um passado, onde seu pai contava diversas estórias. Decidimos então criar um conto Tijucano. Exatamente a essência de nosso enredo, o narrador das estórias e lendas que um dia ouviu de seu pai. Clóvis retornará a um passado repleto de referências, que serão contadas ao longo do desfile.

           

E aí?! - Relógio; Fondue; Chocolate; Einsten e Alpes Suíços terão presença confirmada no desfile? Como ficarão distribuídos estes itens ao longo da avenida, ou dentro do contexto do enredo?

CC - A Suíça é repleta de curiosidades, porém o que proporcionou maiores surpresas foram as lendas e estórias existentes, para cada momento histórico. Da formação dos Cantões suíços, lendas de dragões, diabo que constrói uma ponte, o Anjo dos Alpes, relógio, caixa de música, arte, cultura, tradições, culinária e o carnaval suíço. O relógio terá um destaque importante no desfile, pontuado do início ao fim do desfile em diferentes formas dentro das alegorias. Como não termos relógios em nosso enredo “um conto marcado no tempo”. O espectador perceberá em todas as alegorias este elemento que para o Suíço é de extrema importância.

E aí?! - Em que momento (setor) do enredo, no desfile, o Clóvis Bornay será representado, ou apresentado?

CC - Sim, uma homenagem será feita ao nosso narrador. Posso dizer que ele aparecerá no início e no final... agora como... apenas assistindo. (risos)

E aí?! - Ele (Bornay) foi o ícone dos destaques luxuosos nas escolas. Podemos esperar muitos destaques e muitas fantasias luxuosas no desfile da Tijuca?

           

CC - Nossa maior preocupação em nosso desfile foi dar um caráter mais “carnaval” valorizando a fantasia e o componente. E lógico não perdendo a irreverência característica da Unidos da Tijuca, nossos destaques estão caprichando em suas fantasias, pois nosso time é dedicado e competente.

  

Da esquerda para direita: Carlos Carvalho, Hélcio Paim,
Annik Salmon, Mauro Quintaes e Marcus Paulo.

E aí?! - A Tijuca foi campeã em 2014, a expectativa para 2015 é muito grande, todos estarão de olho (milimetricamente) no desfile, a comparação com o trabalho desenvolvido por Paulo Barros anteriormente será inevitável. Isso é uma preocupação ou estímulo para o Departamento de Carnaval?

CC - Nosso foco maior é o desfile, estamos confiantes e satisfeitos com os resultados do nosso trabalho e não nos espelhamos em comparações. O estímulo vem da alegria de nossos componentes e todos os segmentos da escola, vendo e vivenciando um trabalho que a cada dia vem nos deixando orgulhosos.

E aí?! - Pra fechar a nossa entrevista, conte para os leitores do E aí?! um destaque no desfile da Unidos da Tijuca, algo como #NãoPerca...

CC - Difícil escolher um destaque, a escola está linda. Da abertura ao final, todos podem esperar grandes surpresas. O desfile está lúdico, fantasias bem elaboradas e leves. Alegorias divertidas e contando um pouco de nosso enredo. O nosso #nãoperca seria todo o desfile (risos). Não percam nosso desfile!

     Disso voce não tenha dúvidas Carlos, ficaremos ligados e plugados no desfile da Unidos da Tijuca para depois comentarmos aqui.

Samba Enredo 2015 - Um Conto Marcado no Tempo – “O Olhar Suíço de Clóvis Bornay”

Carnaval! Eterna é a nossa união
Que bom voltar
Pra reviver essa emoção
Quem dera com o meu pai reencontrar
Tantas histórias encantadas
Se fez o sonho e não quero acordar
Seres alados, castelos erguidos
Sopro gigante, herói destemido
Nos montes de neve um anjo a proteger
Melhor amigo que o homem pode ter
Gira mundo no tempo, templo da invenção
Tudo cabe no bolso ou na palma da mão
O som da caixa, jóia de valor
Quem procura acha a senha do amor

Novo tempo
"Relativa idade" do conhecimento
Brilhante pensamento
Explica a vida em todas as dimensões
"Sábia mente", a hora voa com o viajante
Brilha o sol num instante
Aquecendo tantas gerações
Hoje eu vejo que o ontem
É aprendizado para o amanhã
Suíça, em tua história a inspiração
Com teus sabores na avenida
Quebrando o gelo, lá vem o pavão

Deixa o dia clarear, Tijuca
Tá na hora a gente vai à luta
O relógio disparou, chegou gente bamba
É do Borel o Prêmio Nobel do samba.