De 18
a 20 de junho aconteceu no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade
Nova, a
2ª Feira de Negócios do Carnaval (CARNAVÁLIA) e o 2º Encontro Nacional do Samba
(SAMBACON). O Carnavália tinha o intuito de reunir a cadeia produtiva do
carnaval em uma feira e tornar conhecidos os fornecedores e profissionais que
atuam na área, proporcionando a lei da Oferta e da Procura em negócios
rentáveis na esfera de milhões de reais, e o Sambacon o de promover debates e
palestras sobre temas artísticos, infraestrutura e modelos de gestão. Pelo que
vi da organização do evento e o fluxo de pessoas, acredito que foi um sucesso,
e que para o próximo ano a quantidade de expositores e visitantes vai superar e
muito os 25% de acréscimo deste ano em relação ao ano passado.
Fotógrafo Pedro Mattos |
No
primeiro dia, a mesa de abertura contava com as presenças de: Jorge Luiz
Castanheira, Presidente da LIESA (Liga Independente das Escolas de Samba); Rita
Fernandes, Presidente da SEBASTIANA (Associação Independente dos Blocos de
Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião
do Rio de Janeiro); Guilherme Rosa Varella, representante da Secretaria de
Cultura de São Paulo; e Dulce Ângela Procópio, Subsecretária de Estado de
Comércio e Serviços representando o Governador Luiz Pezão. Vou parar por aqui,
não que o restante da mesa não tenha o valor e reconhecimento necessário para
minha deferência, mas sim, porque essas pessoas citadas foram os personagens de
uma ‘saia justa’ durante o debate.
Enquanto
Rita Fernandes defendia, que o carnaval tem que ser reconhecido de fato e
direito como um setor altamente produtivo para a economia do país, e Guilherme
Rosa Varella endossava esse discurso, acrescentando que há de se criar
políticas públicas voltadas para esse setor, podendo assim qualificar a
discussão sobre carnaval e promover parcerias significativas para o setor com a
aquiescência e reconhecimento dos Governos Municipal, Estadual e Federal. Foi
aí então que a Subsecretária de Comércio e Serviços, Dulce Ângela Procópio,
afirmou em seu discurso utópico que ‘já existe uma parceria do governo estadual
em prol da economia do carnaval’, o que provocou reações físicas de espanto nos
outros convidados, e um burburinho na plateia. Ficou claro que ainda há muitas
lacunas a serem preenchidas sobre o assunto para que algo de fato seja feito,
em prol dessa indústria que gera milhões de reais e poderia ser uma saída
econômica para o país.
O que me
leva a comentar sobre o assunto da mesa “O Carnaval como Gerador de Negócios”
no último dia da feira, a mesa composta por César Vasquez do SEBRAE-RJ; Ronaldo
Darzi da Casa Pinto; Fernando Nicory da Magma Ind.Com.Têxtil; Luís Pinheiro
Junior do Palácio dos Cristais e José Antônio Rodrigues da Revista
Plumas&Paetês Cultural. A discussão ficou basicamente na reclamação de
donos de ateliers e outros fornecedores do ‘calote’ das agremiações, sugerindo
que a LIESA, LIERJ, RIOTUR, Secretarias Municipais e Estaduais reúnam-se e
descubram uma forma de ajudar as agremiações a se organizarem administrativa e
economicamente para que esse ‘calote’ faça parte do passado da folia, uma
sugestão proposta por alguns da platéia foi a da criação de um cartão de
crédito para as agremiações, quando acabasse o limite deste crédito as
agremiações seriam impedidas de continuarem comprando, evitando assim o
‘calote’. Chegaram a apontar a escola de samba São Clemente como a única a
pagar em dia, e as vezes até, antecipadamente. Como um assunto leva a outro,
falando de São Clemente, chegamos à última mesa de debates “O Espetáculo que se
Renova”, mesa esta composta por Kaxitu Ricardo Campos, Presidente da UESP
(União das Escolas de Samba Paulistanas); Fabiana Amorim e Bruno Tenório,
representantes da Unidos da Tijuca; os carnavalescos, Cahê Rodrigues (Imperatriz
Leopoldinense); Paulo Barros (Portela); Rosa Magalhães (São Clemente) e Renato
Lage (Salgueiro); e como mediador o radialista Robson Aldir.
Aqui a
discussão ficou em torno dos patrocínios, e o clima esquentou quando Paulo
Barros disse que o grande e único patrocinador que realmente atrapalha é a Rede
Globo de Televisão. Sugeriu, e contou com o apoio dos outros carnavalescos
presentes, que a Globo permitisse que no início do desfile de cada agremiação
quando aparecem na transmissão os créditos com os dados: Enredo, Intérpretes,
Alas, Presidente, Carnavalesco e etc, fossem incluídos também os logos dos
patrocinadores da Escola de Samba em questão. Neste momento Jorge Castanheira,
Presidente da LIESA, que estava na platéia, pegou o microfone e passou um
‘pito’ (pelo menos foi o que me pareceu) na mesa debatedora, argumentou que
tirassem a Globo do papel de vilã da história e a colocasse como parceira do
espetáculo, disse que as reuniões com a transmissora elevaram e muito o valor
de arrecadação dos direitos de imagens, e que não esquecessem que a
transmissora também tinha seus patrocinadores. E mais, disse que a LIESA está à
disposição dos carnavalescos e dirigentes das agremiações, para conversações e
juntos apresentarem sugestões e indicações viáveis à protagonista das
transmissões dos desfiles das escolas de samba. Os ânimos só não ficaram mais
constrangedores, devido às intervenções bem humoradas de Rosa Magalhães com
suas ‘joaninhas’ e ‘pé de mamão’ (risos) (vide o vídeo).
Enfim,
a discussão foi “babado”! Uma coisa ficou beeem
clara, ainda há muito que se conversar sobre tudo do mundo do carnaval, porém,
o melhor foi poder testemunhar a vontade de algumas pessoas para que esses
debates realmente aconteçam e melhorias de fato se tornem reais, a presença de
representantes dos carnavais de São Paulo, Minas Gerais, Porto Alegre, Bahia, Argentina (San
Luis), Inglaterra (Londres) e Japão (Tóquio) foram determinantes para esta
minha conclusão e para dar a certeza que muitas feiras e muitos encontros ainda
terão. Vida longa ao Carnavália-Sambacon! Nossos sinceros agradecimentos a nossa parceira Revista BMGlobal, ao colaborador e amigo fotógrafo Pedro Mattos pelo convite e credencial, e ao colaborador e amigo Produtor Cultural Paulo César Alcântara.
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