Secretária Municipal de Cultura - Nilcemar Nogueira Foto: Divulgação |
Como
todos sabem nosso foco principal é a CULTURA. Após as eleições os candidatos eleitos
têm direito a indicar pessoas de sua confiança para cargos públicos, os
indicados irão compor a nova equipe de trabalho do candidato eleito. Nesta nova gestão, a cidade do Rio de Janeiro
tem 12 pastas, e uma delas é a Secretaria Municipal de Cultura – SMC. E nós do
E aí?! (Conceição Gomes; Fábio Seabra; Paulo César Alcântara; Phill Araújo e Rogério Madruga) tínhamos curiosidades sobre as
novas diretrizes em algumas questões culturais, fomos então em busca das
respostas. Formulamos algumas perguntas e, gentil e prontamente Nilcemar
Nogueira, a nova Secretária Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, nos
concedeu a entrevista abaixo, o que agradecemos imensamente à Secretária por
sua disponibilidade e atenção.
E aí?!(CG) – Na solenidade no
Teatro Municipal Carlos Gomes, em seu discurso, a Sra. afirmou que a reforma
e/ou reparos nos equipamentos culturais da cidade, será prioridade em sua
gestão. Dentre eles quais, a seu ver, deverão receber os devidos cuidados de
imediato?
Nilcemar Nogueira - Vamos
iniciar pelas arenas e também vamos terminar a obra do Museu da Cidade, que
ficou inacabada. Teremos, para isso, recursos, incluindo aí o Programa de
Conservação, que iremos criar, e englobará todos os equipamentos.
E aí?!(CG) – Estamos em um
momento de crise generalizada, empresas públicas e privadas fazem cortes
drásticos em suas folhas de pagamento para ‘tentar’ manter o equilíbrio.
Sabemos que Cultura não pode ser apenas, de competência do Governo, a parceria
com as empresas privadas é fundamental para a viabilização de espetáculos,
shows etc. Com um quadro de crise, um cenário político desestabilizado por
acusações de corrupções em várias esferas... Qual caminho a Sra. pretende
tomar, para manter este relacionamento entre Setor Privado + SMC?
Nilcemar Nogueira - Você
tem razão: a crise é grave e atinge diversas esferas. E ela não é apenas
brasileira. O mundo está em crise e temos todos de nos adequar a esta questão
neste momento. A cultura não está alheia à realidade que vivemos, por isso,
neste início de gestão, tenho ouvido todos os segmentos, conversado com
representantes de todas as linguagens, com produtores, artistas e empresários.
Temos de nos unir neste momento, buscar o consenso, construir alternativas para
manter os projetos e instaurar outros. Principalmente juntos aos parceiros que
já temos no fomento pelo ISS. O caminho será sempre pelo diálogo.
E aí?!(CG)
– Ainda no tema ‘Investimento’, o Prefeito Marcelo Crivella, em seu discurso no
Teatro Municipal Carlos Gomes, disse que o lema dessa gestão é “Fazer Mais Com
Menos”, com esta frase ficou entendido a necessidade de enxugar a máquina,
porém, ficou também subentendido, a possibilidade de se perder o pouco
investimento que já tem. O que a Sra tem a dizer sobre esse lema, e quais
medidas serão tomadas pela SMC para enxugar a máquina e manter um investimento
satisfatório?
Nilcemar Nogueira - Essa
pergunta está relacionada com a anterior. O prefeito disse esta frase para
ilustrar o momento em que vivemos que é de crise. Crise aguda. Vamos continuar
fazendo, produzindo, criando, mas dentro de uma realidade orçamentária mais limitada.
A era dos grandes eventos, como Copa do Mundo, Olimpíada etc, passou e não
temos mais os recursos que foram aportados na cidade naquele período. A
dinâmica mudou e precisamos todos, incluindo a cultura, contribuir para sairmos
dessa situação o mais rápido o possível. Nenhum gestor gosta de cortar, reduzir
custos, pois são ações que causam descontentamentos e desgastes incríveis. Mas
é preciso fazer isso agora em prol da saúde financeira do município. Em pouco
tempo, todos perceberão o acerto destas medidas. Mas fazer mesmo com recursos
limitados. Economia Criativa literalmente.
E aí?!(CG) - A gestão anterior
suspendeu o Passaporte Cultural. Existe intenção desta nova gestão em
reativá-lo?
Nilcemar Nogueira - Estamos
trabalhando na implementação do Vai-Cultura, conforme indicação do prefeito
Marcelo Crivella. É uma medida importante, pois além de ser menos onerosa –
vamos trabalhar junto à Secretaria de Educação, Esporte e Lazer trata-se de
instrumento inclusivo. Além do estudante, vamos ampliar a ação para as
famílias. Desta forma, conseguiremos alcançar uma população extremamente
carente no acesso aos bens culturais da cidade.
E aí?!(FS) – Em seu texto
publicado no O Globo - em 22/01, a Sra. fala da necessidade em criar um Museu
dedicado à História da Escravidão no Rio de Janeiro, com o intuito de
ressignificar os horrores que os escravos passaram, celebrando a herança e
influência cultural, culinária, religiosa e gramatical, sem esquecer a barbárie
sofrida. Baseado neste tema, qual ou quais medidas serão tomadas pela SMC para apoiar ou patrocinar as
entidades que lutam contra a Intolerância Religiosa?
Nilcemar Nogueira - A
questão do museu, e o debate que ele já gerou, demonstra o quanto necessitamos
de um espaço onde possamos entender todo o processo da imensa contribuição dos
negros na construção deste país. E deixar de falar da dor seria continuar
escondendo a história da escravidão que, no Brasil, durou mais de três séculos
e que tem suas consequências ainda hoje explicitadas em nosso dia-a-dia. Teremos
de encarar essa questão para superá-la de verdade. A cultura tem, em sua
gênese, a obrigação de tratar dos dramas humanos. A questão da intolerância
religiosa perpassa todos os credos, seitas e representatividades. A secretaria
estará aberta a todos os grupos.
E aí?!(PA) - Continuando com as
minorias... Em toda história cultural do mundo, os LGBT's sempre se fizerem
presentes e necessários no desenvolvimento e atuações culturais. Esta
população, hoje, organizada e engajada em ter seus direitos conquistados e
respeitados, vem realizando ao longo dos anos no Rio de Janeiro, Festivais de
Cinema e Teatro, Workshops, Oficinas, Rodas de Conversas etc. E mesmo com toda
essa atividade, aos olhos do Estado e da Sociedade ainda são invisíveis. A SMC tem projetos e/ou medidas
específicas para apoiar ou patrocinar estas atividades, proporcionando a
visibilidade merecida e desejada a este segmento da sociedade?
Nilcemar Nogueira - Na
verdade, as chamadas “minorias” são a maioria de nossa população. E a minha gestão
será marcada pela diversidade e inclusão e transversalidade. Vamos valorizar
todas estas expressões que, muitas vezes, ficam longe do apoio do poder
público. Como você bem disse, são grupos, coletivos, que estão organizados, e
já participam ativamente da vida cultural da cidade. O que precisamos é
enxergar isso como algo que precisa ser reconhecido pelo agente público. É
nesta direção que já estamos caminhando.
E aí?!(RM) – Ainda falando de
herança e legado cultural, percebemos que uma manifestação cultural está
literalmente acabando em nosso Município e Estado, a Folia de Reis. Existe
algum projeto na SMC para resgatar
essa manifestação cultural? Outra manifestação, ainda resistente, mas sem
investimento do poder e equipamentos públicos é a Festa Junina e suas
Quadrilhas. Existem Associações e Federações sem fins lucrativos que tentam
mantê-las, e reclamam da indisponibilidade de voltarem a se apresentar no
Sambódromo, onde poderiam captar recursos para sua continuidade. A SMC tem algum projeto ou medida para
assistir a esse segmento cultural?
Nilcemar Nogueira - Vamos
trabalhar junto a estes grupos que trazem a memória cultural da cidade. Muitos
ficaram abandonados à própria sorte. Queremos que eles sejam novamente
valorizados, pois têm representatividade em seus locais, significam uma
expressão de vida para muitas localidades. Vamos conversar com elas para vermos
e buscarmos o melhor modelo, onde tudo seja ajustado dentro da realidade que
temos na cidade.
E aí?!(PCA) – Por fim, estamos
em pleno momento momesco, sabemos que sua vida privada foi e é pautada pelo
samba. O que os foliões, as G.R.E.S., os Blocos Carnavalescos, os turistas e
moradores da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro podem esperar como AÇÃO da SMC para este Carnaval?
Nilcemar Nogueira - O
carnaval da cidade é administrado e organizado pela Riotur. O trabalho da secretaria é o de fomentar e apoiar
manifestações que se coloquem além do samba espetáculo. Carnaval, evento de
importância ímpar na cidade, ocupa um calendário restrito. O samba segue o ano
todo, muitas vezes sem a valorização devida, com rodas de samba sem apoio algum
e, muitas vezes, sendo tratadas com descaso e até violência. As quadras das
escolas não podem ser apenas espaços para turistas, onde o pessoal da
comunidade é excluído. Ou seja, o espaço que foi inventado para justamente
reunir os excluídos das grandes festas da cidade, hoje exclui aqueles que
construíram toda esta cultura. Queremos contribuir trazendo estas questões a
tona, dando apoio e suporte a manifestações que acabam ficando no limbo e
reforça a matriz do samba como a grande conquista cultural desta cidade.
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