Da Redação
Reprodução Instagram/Zanele Muholi |
Até o momento, não havíamos
nos pronunciado, propositalmente, por não ser nossa especialidade, os realities.
Entretanto, percebemos uma discussão e exposição exacerbada em relação ao
assunto, e resolvemos colocar nossa colher de pau nessa panela e mexer um
pouquinho.
Um pouquinho porque a ‘Vênus Platinada’
não precisa de nosso ibope, e nosso compromisso sempre foi e será com os
artistas e veículos com menor alcance midiático.
Vamos lá, então ... Para
início de conversa, consideramos um despropósito total por parte da emissora
realizar uma edição do programa durante uma pandemia. Sim. Ainda estamos
vivenciando uma pandemia. Ainda não acabou. #UseMascaraeAlcoolemGel.
A edição de 2021, obviamente,
foi estrategicamente pensada pela emissora. #BlackLivesMatter. É a edição com o maior número de participantes negros.
Justo no momento em que o mundo está destilando ódio, confinam pessoas que já
estavam ‘confinadas’ há quase um ano (pandemia). Estava na cara que isso iria causar
uma tsunami nas redes sociais.
Não
condenamos nem tampouco absolvemos nenhum participante do BBB 21. Por que?
Porque não somos juízes, somos apenas espectadores e pessoas comuns, logo, com
erros e acertos. Assim sendo, acolhemos a todos no exercício da empatia.
É
difícil apontar em nós mesmos nossos erros e assumi-los para repará-los. Diante
dessa conclusão, o quê nos autoriza julgar e condenar pessoas que estão
confinadas em um programa de TV? Programa esse com roteiro, edição e
auto-sugestão pisicológica. Aos que estão no momento questionando: E o pay-per-view?
Quem nunca percebeu a mudança de câmera no ‘ao vivo’? Isso é um ato de edição.
Todavia,
isso não significa que ignoramos as consequências de causa e efeito das
palavras e atitudes dos ‘brothers’, apenas não nos colocamos na posição
de atirar pedras. Preferimos nos ater à teoria do Direito da ‘causa provável’,
e nos valer do direito constitucional de que todo ser humano tem o direito de
ampla defesa. Além de, principalmente, lembrarmos que a generalização de povos
e etnias de um mesmo continente como um estereótipo preciso de caráter e
comportamento é uma atitude preconceituosa e racista. Somos todos iguais,
porém, com diferenças significativas que nos tornam únicos individualmente e
pares no coletivo.
Os comentários sobre o reality
vão do extremo bom senso à extrema desinformação. O Big Brother é um reality
criado em 1999, por John de Mol (Johannes Hendrikus Hubert de Mol),
executivo da televisão holandesa, sócio da empresa Endemol. A Globo tem
contrato com a empresa para reproduzir o formato BBB, assim como o ‘Dança dos
Famosos’ e o ‘The Voice’. Mas, não é apenas a Globo que reproduz
programas da Endemol. Teve o ‘Topa ou Não Topa’, no SBT; ‘Buzão do Brasil’, na
Band; ‘O Último Passageiro’, na Rede TV; e o ‘Extreme Makeover Social’,
na Record.
Por que essa descrição
detalhada sobre os produtos da Endemol? Para ajudar em sua reflexão sobre
O Que; Por que e Como determinados programas influenciam
direta ou indiretamente em nossa vida.
No antigo Império Romano as
lutas dos Gladiadores faziam muito sucesso, era a atividade mais atrativa ao
grande público. Os lutadores eram prisioneiros de guerra, escravos, autores de
crimes graves e, para satisfazer o fetiche de alguns imperadores, mulheres e
anões também lutavam. Para os vencedores a possibilidade da fama, fortuna e
liberdade.
Combatentes se enfrentavam na
arena e a luta só terminava quando um deles morria, ficava desarmado ou sem
poder combater. Havia um responsável por presidir a luta que determinava se o
derrotado deveria morrer ou não, e o povo influenciava muito nessa decisão. A manifestação
popular era expressa apontando a mão fechada com o polegar para baixo, que
significava que o povo desejava a morte do derrotado. Entretanto, nem sempre a
morte era desejada, e a posição oposta do indicador, ou a mão fechada levantada
para cima indicava que o derrotado poderia ficar vivo.
A luta dos gladiadores na arena
era extremamente interessante para o Estado. Os imperadores investiam muito
nesses espetáculos, já que assim conseguiam conquistar a amizade do povo. Essa
era uma política chamada de “Pão e Circo”, os governantes distribuíam pão
durante as lutas e assim conseguiam manipular as massas, oferecendo o que mais
lhes interessava.
Se você não pegou a visão
dessa correlação... lamentamos informar que você foi #Cancelado.
Preconceituosos, racistas, xenofóbicos, homofóbicos, transfóbicos, gordofóbicos
e todos os fóbicos NÃO PASSARÃO!
Como dito no início dessa
conversa, nosso compromisso é com a ARTE. A arte que traduz e incita cultura,
que abre mentes e explora horizontes (provavelmente por isso, cultura e
educação não são prioridades na gestão atual do governo).
Assim, fechamos esse papo com arte e beleza em forma de música do nosso querido amigo Rafael Lima. ‘Chegou’ é um vídeo coletivo gravado entre Brasil e França. Canção composta durante o confinamento de março 2020 (França). Rafael Lima (Voz e Ukulelê) - Luiza Borges (Voz) - Vicente Alexim (Clarinete) - Annabelle Labazuy (Baixo) - Di Lutgardes (Percussão). A propósito e em tempo: Parabéns Rafa pela obra e pelo níver!
Fontes:
https://www.infoescola.com/civilizacao-romana/gladiador/
https://www.apaixonadosporhistoria.com.br/artigo/221/jogos-em-roma-gladiadores-e-animais
https://www.estudopratico.com.br/gladiadores-romanos-historia-da-roma-antiga/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Endemol
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/35884/a-relacao-de-causalidade-no-direito-penal
https://jus.com.br/artigos/53601/o-principio-da-ampla-defesa-e-seus-aspectos