Por Conceição Gomes
É cansativo persistir em uma
caminhada onde encontramos tantos contra nós. Nas últimas duas décadas a
imprensa, o jornalismo, caiu no descrédito popular de uma forma devastadora. Como
em toda profissão existem os bons, os médios e os maus profissionais, todavia,
o aumento significativo de pessoas que se auto intitulam ‘mídias’ à frente de
portais, blogs, vlogs, sites, programas
televisivos etc. tornou a notícia passível de ser uma fake news, e
levou o jornalismo em geral a um discurso raso e questionável.
O despreparo dessas pessoas é
perceptível em alguns pontos, principalmente no desconhecimento de ética
profissional, a chamada imprensa marrom do passado, de fácil identificação, sempre
apelativa e sensacionalista. Muitas vezes esses profissionais eram diagnosticados
como urubus em cima da
carniça.
Entretanto, dava para separar
o joio do trigo e, hoje, somos colocados todos no mesmo saco. A pretensão e
soberba, garanto, caro leitor, não fazem parte desse humilde e pequeno veículo,
não somos melhores, nem piores que ninguém, muito pelo contrário.
Entristece-nos muito ver
‘profissionais’ que, claramente, não fazem ideia da diferença entre furo de
reportagem e especulação, fofoca ou falta de ética. Infelizmente, percebemos isso no caso do
falecimento do ator Paulo Gustavo.
Alguns veículos mataram o ator
antes mesmo de ele morrer de fato e o desrespeito com a família, assessoria de
imprensa e equipe médica dele foi de uma inabilidade constrangedora.
Informar é a nossa tarefa, simples
assim. Devemos colocar à disposição do povo informações devidamente apuradas e
de relevância para a sociedade, como por exemplo, ainda não temos vacinas para
toda a população, por quê? Provavelmente, você, leitor, deve lembrar que foi
iniciada a CPI da COVID coincidentemente no dia da morte do ator.
Contudo, vale lembrar, também,
que a abertura de uma CPI não significa resultados satisfatórios. Investigue as
mais famosas e veja sua conclusão (as que tiveram conclusão), cheque os
investigados, citados, arrolados, julgados.... Quem são? Foram realmente
punidos? Continuam em cargos públicos?
Na continuidade de tragédias e
abusos, temos os contrapontos da relevância e oportunismo: Lucas Matheus da Silva,
Alexandre da Silva e Fernando Henrique Soares são as crianças de Belford Roxo DESAPARECIDAS
em 27 de dezembro de 2020 e, até agora, absolutamente NADA se sabe sobre o que
aconteceu com esses meninos, entretanto, o caso Henry Borel já está
praticamente solucionado. Obviamente, são situações diferentes em que a atuação
da polícia tem de ser diferente, mas, ‘coleguinhas’, por que não intensificar
as publicações para ajudar até mesmo o trabalho da polícia?
Esta mesma polícia teve uma
atuação inominável no Jacarezinho e, antes do pré-julgamento pela minha
abordagem no assunto, indico que assista a entrevista particularmente
esclarecedora da especialista em segurança pública, Jacqueline Muniz, concedida
à Rádio Brasil Atual - https://www.youtube.com/watch?v=Q76Xx3UrtmQ&list=WL.
Como sempre repetimos aqui: informação não ocupa espaço.
O Dia das Mães de 2021, com
certeza, foi um dos mais tristes para muitos dos sobreviventes parentais dos
+420 mil mortos pela COVID-19. Além da dor das perdas, teremos esse vírus entre
nós de várias formas por muito tempo, o negacionismo não tem o poder de
eliminar os incontáveis órfãos e pessoas com a saúde mental extremamente
afetada nesta pandemia.
Como bem disse Djamila Ribeiro,
filósofa e escritora, estamos vivenciando um processo ‘incivilizatório’, precisamos
reencontrar a civilidade e poderíamos começar entendendo que o Salvador da
Pátria é o POVO, os cargos dos três poderes são dados a pessoas eleitas pelo
POVO, direta ou indiretamente. Somos um país em construção que precisa se
desconstruir.
Um amigo me disse recentemente
que precisamos criar mais leis de inclusão no universo educacional público. Na
hora preferi não debater, porém, percebi que mesmo ele trabalhando no âmbito
político, não vislumbra a diferença entre lei e política pública. Leis nós
temos e muitas, e, em sua maioria, eficazes, bastaria serem respeitadas e colocadas
em prática.
Finalizo esse texto em nome de
toda equipe do E aí emanando Força, Luz e Paz a todos que perderam parentes e
amigos para as batalhas inglórias contra a Covid e o racismo institucional e
estrutural que ceifa vidas e dizima sonhos.
Até a próxima!
P.S.: Espero com boas novas,
como a sanção do governador do RJ no projeto de lei que tomba o prédio da
Escola Municipal Dr. Cícero Penna, que estava ameaçado de ser vendido pela
prefeitura.
Tempos difíceis.
ResponderExcluirE como Luciana, e como!
ExcluirPrecisamos de profissionais com mais amor a profissão, e não ao quanto ela pode lhe lucrar! Tempos realmente difíceis!!
ResponderExcluirA velocidade da informação por causa da internet não pode se sobrepor às normas e éticas de qualquer profissão. Tempos difíceis e tristes. Agradecemos seu comentário, a interatividade é muito importante para nós!
ExcluirHá uma banalização e uma imbecialização nos meios de comunicação oficiais ou não. A banalização ocorre com pessoas se intitulando "jornalistas" e postando vários conteúdos sem qualquer veracidade. Enquanto que a imbecialização ocorre com os verdadeiros jornalistas que muitas vezes dão destaque ao que não merece e ocultam notícias que deveriam ocupar a primeira página de um jornal. Claro que a imbecialização na maioria das vezes é proposital, afinal, falar sobre preto e favelado não rende audiência, além de "enfeiarem" a telinha ou o jornal. Enfim, é lamentável!
ResponderExcluirTanto a banalização como a 'imbecialização' são tóxicas e prejudiciais, pois, ambas levam à dubialidade da notícia. Notícia é fato, e fatos não podem deixar de serem apresentados à população, o questionamento é: Até onde os veículos de comunicação grandes ou pequenos, podem interferir no formato da publicação dessas notícias para provocar e/ou pressionar os órgãos competentes por um desfecho? Usando um exemplo hipotético: 'O desaparecimento das três crianças, ou, dos três meninos de Belford Roxo ainda não teve solução' - 'Mãe e padrasto são presos pela morte de Henry'. Ambos são fatos, são notícias, porém, os meninos de Belford Roxo não ganham seus nomes em destaque. Por quê? E por que os leitores/telespectadores não questionam, não reclamam? Porque está institucionalizado, enraizado culturalmente, estamos acostumados a ver/ler essas manchetes e não nos incomodarmos com esse tratamento injusto, preconceituoso e parcial.
ExcluirEnfim, é um bom debate. Agradecemos imensamente seu comentário, ele é muito importante para nós, volte sempre que a casa é nossa!!!