Olá, queridos seguidores do Blog E aí?!
É com muita cautela que escrevo esse texto; primeiro porque
envolve Escolas de Samba que são verdadeiras mestras em contarem a história do
povo preto no Brasil e no Mundo, e, segundo por falar de religiões de Matriz
Africana e sua ancestralidade.
Começo esse texto alertando que não se trata de uma crítica e
sim, de um pedido de reflexão, para que juntos, eu e você, possamos entender o
momento no qual estamos vivendo em relação a negritude e, também, sobre os
temas (enredos) abordados pelas escolas de samba em sua grande maioria.
Fiquei fascinado e decepcionado na mesma proporção ao
assistir os desfiles das escolas de samba. Fiquei fascinado, pois, acredito que
esse tenha sido o carnaval onde mais se exaltou a cultura preta em todos os
tempos, mas decepcionado por ver muito do mesmo. São tantas histórias a serem
contadas, que o fato da escravidão e do culto aos Orixás ficam em um outro
patamar de importância diante de tantas conquistas alcançadas.
As agremiações cariocas trouxeram para avenida uma explosão
de informações sobre o tema Cultura Negra, envolvendo em sua grande
maioria a presença de Orixás na Marquês de Sapucaí, inclusive tradições até
então, mantidas em segredo quase que absoluto, como no caso de uma Escola
tradicionalíssima que mostrou o culto aos ancestrais e também o culto as
senhoras do segredo, as chamadas de JUSTAS pelos mais antigos sacerdotes do
Candomblé por se tratar de preceitos que envolvem muito cuidado ao ser
explorado.
Mas, isso aqui no Brasil, pois em terras africanas não há tanto mistério, lá do outro lado do Atlântico, tem-se a consciência clara do status que esses cultos possuem e por isso há o devido cuidado. Sabemos, inclusive, que grande parte do “mistério” existente no Candomblé, prevalece por conta de uma forma de resistência e sobrevivência dos povos pretos traficados. Na realidade, algumas práticas, que aqui são secretas, na África são realizadas em praças públicas pelos povos Yorubás, Bantus e Fons no exercício de sua religiosidade.
Tivemos, também, na passarela do samba uma outra escola da baixada fluminense querida e tradicional, que soube delinear muito bem o seu enredo ao falar sobre Exú. Ela foi coesa em sua apresentação e abriu o leque do verdadeiro simbolismo desse Orixá, com vistas no seu culto dentro e fora do Brasil, promoveu conhecimento sem entrar em méritos mais exclusivos daqueles que militam em qualquer uma das vertentes das religiões de matriz africana. Trouxe a público, de maneira lúdica, a importância dessa divindade dentro da cultura de nosso povo.
Outro, excelente, exemplo foi o de uma Escola de Samba da
zona norte do Rio que contou a história de Martinho da Vila, que é cantor,
compositor, religioso e que contribuiu muito com a sua arte para elevarmos o
conceito de sociedade. E é isso que sintetiza minha linha de raciocínio.
Precisamos mostrar que somos todos iguais em nossas diferenças! Pode parecer
clichê, mas enquanto não houver conscientização sobre esse fato, não haverá progresso,
verdadeiramente humanitário.
Acredito que falta explorar mais a influência cultural de
personalidades pretas. Juristas, literatas, artistas, arquitetos, contextos
múltiplos que tiveram, e ainda têm, grande importância na formação desse país,
como por exemplo, os negros muçulmanos, chamados de Povo Malê, que contribuíram
e muito, para a organização social e política do povo preto no solo do novo
mundo na época da escravidão.
Não quero desmerecer o trabalho árduo, e muito bem-feito,
dentro da proposta das agremiações, mas quero novidades! Quero um povo preto
respeitado pela sua capacidade de transmutar a dor que sofreram em valores
culturais incontestáveis.
Compreendo a importância desse formato brasileiro, mas creio
que precisamos fazer da cultura preta algo ainda mais inclusivo do que já é.
Sem aprofundamentos, no entanto, tornando-a acessível popularmente, ao menos no
que tange a religiosidade. Despertando o interesse de todas as camadas de
maneira séria, sucinta e transparente. Sendo tratada, fundamentalmente, como
CUL-TU-RA! Precisamos sair das amarras da escravidão e exaltar os feitos dos
negros, negros que tiveram um papel importante na formação sócio, política,
econômica e cultural do atual Brasil, e a maioria do seu povo os desconhecem.
O preto não pode e não deve mais ser visto como uma cultura a
parte, e sim, como uma cultura que FAZ PARTE. Inerente a nossa culinária,
nossas expressões, nosso vocabulário, nossa métrica de vida e por aí vai. Na
minha concepção está no momento de passarmos para uma outra fase da luta pela
igualdade e respeito, dando destaque ao que somos hoje, pelo que fizemos antes
e o que ainda faremos!
Acompanho sempre as matérias publicadas e adoro a forma como você escreve! Apesar de um tema muito pesado, você conduziu o assunto de forma leve! Parabéns.
ResponderExcluirGratidão! Conto sempre com sua opnião. Ela é, e será sempre, maravilhosa para o nosso termometro.
ExcluirFabio Seabra.
Reflexão perfeita e pertinente!!!
ResponderExcluirParabéns, irmão!!!!
Obrigado, querido irmão, sua opnião só me deixa mais feliz e ainda me incentiva a me aprimorar mais no nosso trabalho.
ExcluirBeijo no coração.
De fato só se pautar em um único tema para retratar algo fica muito pobre. Penso da mesma forma em que o narrador do texto expõe sua opinião quanto ao tema.
ResponderExcluirObrigado por sua colocação! As escolas de samba já nos dão ailas e aulas de história, mas vamos ter mais… MUITO MAIS! Obrigado de coração.
ResponderExcluirBoa noite, minha MÃE que lhe abençoe e benção.
ResponderExcluirSeu comentário foi perfeito e concordo com seu relato.
Eu estava na avenida.
O que vi na Portela me assustou muito, pois conheço um pouco daquela energia que eles levaram para avenida e não concordei.
Obrigado, mano! Sua opnião me faz sentir mais tranquilidade. Achei que só eu estivesse incomodado!
ExcluirFabio Seabra.
Esqueci de colocar meu nome no comentário acima no horário de 00:11(Paulo Romão)
ResponderExcluirLogun abençoe, SEMPRE!
ExcluirParabéns pelo belo texto!
ResponderExcluirPai abençoe, bença!
Obrigado!
ExcluirMaravilha este texto. Axé!
ResponderExcluirMuito obrigado, meu querido! Nosso trabalhor e levar nossa opnião e isso se torna maravilhoso quando obtemos o retorno do leitor. Gratidão
ExcluirAcho que foi um dos melhores textos que já fez!
ResponderExcluirFalou sobre muitos assuntos ao mesmo tempo, mas não se perdeu neles.
Explicou muito bem cada, de forma clara e sucinta.
E por fim, que era o que eu mais queria saber, deixou claro como poderiam ter contado essas histórias e seus desdobramentos, e a evolução dos negros e tudo que se destacaram fazendo.
O tanto de coisas importantes que precisam ser mostradas, além da cultura religiosa.
Amei o texto!
Muito obrigado. Através da opnião de vocês, crescemos em nosso trabalho.
ExcluirObrigado
ResponderExcluirEu que agradeço!
ExcluirAmei sua sensibilidade pra perceber detalhes que fazem toda diferença!
ResponderExcluirPrecisamos estar sempre nos questionando e atentos aos detalhes!
Muito obrigada!!
Josi
ExcluirQue texto incrível, parabéns!
Muito obrigado!
ExcluirVocê, leitor, é a nossa bússola.
Texto impecável e necessário para se pensar cultura negra e História Pública! Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo carinho do retorno. Isso nos impulsiona a seguirmos em frente.
ExcluirAchei importante, nessa época de tanta intolerância religiosa, o carnaval permitir a visibilidade e dar espaço pra reflexões. Sei texto é certeiro , ao afirmar que não é uma cultura a parte . Faz parte importante da cultura brasileira.Com certeza, existe uma infinidade de histórias que podem chegar ao conhecimento de mais pessoas. Mas acho que foi um bom começo. A maior “festa” do mundo, destacou uma parte da cultura do nosso povo brasileiro. Espero que tenha servido para muitas reflexões.
ResponderExcluirCertamente, serviu! Fico feliz por ter conseguido passar um pouquinho sobre o que podemos, ainda fazer! Fazer muito! Fazer mais! E mostrarmos que seremos todos iguais quando houver mais respeito, empatia e orgulho de ser quem e o que se é!
ExcluirParabéns querido pelo lindíssimo texto, tanto pela forma quanto em seu conteúdo. Precioso demais exaltar a contribuição do povo para a sociedade no Carnaval bem como as pessoas que não tenham a negritude na pele, mas que plantaram-na dentro de si mesmas. Asé. Sua bênção.
ResponderExcluirObrigado, meu querido!
ExcluirSua opnião é muito importante para mim. Um escritor e pieta, possui sensibilidade e empatia!
Lindo texto!!! Parabéns, querido!!!! ❤🌻😘
ResponderExcluirMuito obrigado.
ExcluirO seu feedback é muito importante para que possamos, cada vez mais, aprimorarmos nosso trabalho.
Gostei mto do seu artigo!! Excelente abordagem, sobre os demais destaques com influência e legados dos Pretos... Aproveito para destacar a título de exemplo: meu neuro cirurgião,. Filho de uma lavadeira que trabalhou mto para conseguir ver seu filho estudar medicina e Varginha MG. Com grande êxito em sua carreira e mto reconhecido pela competência e dedicação. Gratidão 🙏🏻🙏🏻🤗🌻🕊️🖐️
ResponderExcluirObrigado por sua observação.
ExcluirÉ muito importante seu retorno, ele nos insetiva a continuarmos a busco do nosso aprimoramento, afim de levarmos conteúdos, cada vez interessantes, para trocarmos ideias. Esse é o nosso foco.
Meu irmão querido, amei seu texto e concordo com vc. A África trouxe incontáveis contribuições para nossa cultura, porém, esquecemos das grandes figuras pretas ou pardas, como por exemplo Dr. Rebouças. Em se tratando de Escolas de Samba gostei muito de uma que evidenciou que Exu nada tem a ver com Satanás. Um grande beijo e parabéns.
ResponderExcluirParabéns pelo ótimo artigo! É de extrema importância expor o protagonismo preto em vários segmentos profissionais durante, e, ainda recorrente, na formação do Brasil.
ResponderExcluirNo entanto, ressalto que para correr é preciso primeiro aprender a andar, e percebo esse carnaval com esses enredos riquíssimos culturalmente como um grito - 'CHEGA! ESTOU FALANDO, TENTANDO EXPLICAR POR SÉCULOS, AGORA VCS VÃO ME OUVIR E A PARTIR DESTE MOMENTO A HISTÓRIA E OS PERSONAGENS SÃO OUTROS.'
Ou seja, foi dada a partida, conseguimos chamar a atenção para nós, agora vamos calmamente contar a nossa história e mostrar que fomos escravizados sim, MAS, não só isso.